Um estudo seccional foi realizado na população residente em um de cada quatro domicílios habitados na cidade de Barcelos (no norte do Estado do Amazonas, na margem direita do Rio Negro, a 490km de Manaus por via fluvial), visando a avaliar as condições sociais, sanitárias e os indicadores específicos para as parasitoses intestinais e para infecção chagásica. No inquérito, foram aplicados dois questionários, um domiciliar para avaliar os aspectos sociais e sanitários, e outro individual, para a avaliação das condições sociais e epidemiológicas da população. Uma amostra por conglomerado familiar de 171 domicílios foi estudada. De cada um dos 658 habitantes, foi requisitada uma amostra de fezes para exame parasitológico pelas técnicas de sedimentação de Lutz e de Baermann-Moraes-Coutinho, modificado por Willcox & Coura (1989, 1991) e coletada uma amostra de sangue em papel de filtro para a reação de imunofluorescência para anticorpos anti-T. cruzi pelo método de Fife & Muschel modificado por Camargo (1966) e Souza & Camargo (1966) e Petana & Willcox (1975). O exame de fezes mostrou 69,4% das amostras com um ou mais parasitos. O Ascaris lumbricoides foi predominante, com 51% de positividade, e o Entamoeba histolytica, embora com exame não específico, foi positivo em 19,7%. Surpreendentemente, 20,1% das 658 amostras de sangue foram reativas para anticorpos anti-T. cruzi na diluição de 1:20, e 13,7%, na diluição de 1:40. Houve forte correlação entre esses resultados e o nível de contato da população humana com triatomíneos silvestres, conhecidos localmente como piolho-da-piaçava, e conseguimos isolar por xenodiagnóstico uma cepa de T. cruzi de um paciente (nº 209-1) com sorologia positiva para infecção chagásica, natural da área e que havia trabalhado na agricultura, transportando piaçava, e que conhecia muito bem o piolho-da-piaçava.
Aluno: Alberth Francesco Almeida Boiba
Palavras-Chave: Parasitoses Intestinais; Infecção Chagásica; Amazônia
José R. Coura; Henry P. F. Willcox; Antônio de M. Tavares; Daurita D. de Paiva; Octávio Fernandes; Érika L. J. C. Rada; Eusébio P. Perez; Lisbeth C. L. Borges; Martha E. C. Hidalgo; Myriam Lucia C. Nogueira
Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz. Av. Brasil, 4365, Caixa Postal 926, Rio de Janeiro, RJ, 21045-900, Brasil
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